J.R.CÔNSOLI

 

 

J.R. Cônsoli

 

 
 
 

SOTURNIDADE

J. R. Cônsoli

 

Nas madrugadas tíbias de minh’alma,

onde vultos se escondem da agonia,

invade-me uma grande nostalgia,

rouba-me toda a paz, quietude e calma.

 

E traz consigo uma saudade morna,

que sempre aumenta mais, a cada instante,

como o sopro de um vento fustigante,

que meu peito cerceia e não contorna.

 

Quero pra mim as praias colossais,

as madrugadas quentes de outrora,

o calor das manhãs e a luz da aurora.

 

Celebra o rouxinol nos salgueirais,

anunciando a luz de um novo dia,

e a noite espanta… tão funesta e fria.

J.R.Cônsoli – 03-12-2008

 

 

ASPIRAÇÃO

J.R.Cônsoli

 

Ora, pudesse eu rever meus sonhos,

que tão distantes, no horizonte, voam…

e que me lembram, nas canções que entoam,

os meus anseios puros e bisonhos.

 

Mas, deslizam no ar – almas aladas,

com a maior ousadia, ante meus olhos,

trazendo-me somente mais escolhos,

pras minhas já estafantes caminhadas.

 

Um dia hei de encontrá-los, é verdade…

numa esquina qualquer de algum caminho,

por certo saciarei minha saudade.

 

Será o apogeu da esperança…

depois de um longo tempo tão sozinho,

rever meus ternos sonhos de criança.

 *

J.R.Cônsoli – 05-12-2008

   

INTIMIDADE

J.R.Cônsoli

 

És tu, eu sei, os passos delicados,

o roçar do vestido de brocados,

o teu perfume de mulher madura

disposta a todo tipo de aventura.

 

Então… vamos sonhar, o sonho é livre!

falar das fantasias que não tive,

dos céus e mares nunca navegados,

porque os caminhos sempre obliterados.

 

A vida é curta, a passagem fria,

e tudo o mais que existe é fantasia,

a povoar cabeças inocentes.

 

Vamos… a lua entrou pela janela!

Banhou nossos lençóis com aquarelas,

vivamos nosso amor completamente.

* 

J.R. Cônsoli – 11-05-08

 

LUZ E SOMBRA

J.R. Cônsoli

 

A vez primeira que meus olhos viram

a luz do teu olhar rompeu fronteiras…

deu-me asas de águia que subiram,

fez-me voar por sobre as cordilheiras.

 

Fui me elevando cada vez mais alto,

cada olhar teu um sopro de magia!

Por que razão agora o sobressalto,

os olhos tristes e esta mão tão fria?

 

O sol ainda brilha na arraiada,

a brisa suave o teu cabelo afaga,

só precisamos disso e de mais nada!

 

Vamos sonhar de novo… a vida é breve!

Num átimo de tempo a luz se apaga,

e contra a escuridão ninguém se atreve.

 *

 J.R.Cônsoli – 02-07-2003

 

TRANSUBSTANCIAÇÃO

J.R.Cônsoli

 

Encontrava-me ali, sentado e sozinho,

revendo o passado com muito carinho.

O mundo rodando em volta de mim…

e chegam entidades vindas do jardim.

 

Cantavam cantigas de ternas lembranças,

e sempre repletas de alegres bonanças.

u’a doce harmonia pairava no ar,

recendia perfumes o ambiente sem par.

 

Ouviam-se vozes no andar superior…

recitavam poemas, falavam de amor.

Uma taça de vinho foi-me oferecida,

trouxeram-me doces e agradável comida.

 

No fundo da sala… aberta a janela,

o tempo escorria passando por ela…

entre luzes e sombras vi que envelhecia,

meu corpo, aos poucos, desaparecia.

 

Só então percebi que meu tempo acabava,

por outro caminho, então, eu andava.

A cadeira jazia num lado da sala,

movendo sozinha com a minha bengala.

 *

J.R.Cônsoli

 

 

 
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